sexta-feira, 26 de agosto de 2011 0 comentários

A BUSCA PELA ÁRVORE DA VIDA


PRÓLOGO

Dezoito anos atrás...


Era alta madrugada quando chegaram. O vento estava calmo e a noite serena como as águas de um lago profundo, mas o velho sabia que a tranquilidade era apenas aparente e que todo cuidado seria pouco ao adentrarem naquele lugar desabitado há tanto tempo. Ouvira histórias, é claro, de outros aventureiros que alegavam terem invadido o jardim e escapado ilesos da fúria do guardião, mas percebia agora que não passavam de fábulas inventadas por charlatões. O jardim era muito diferente de tudo que ouvira falar. Era mágico, exuberante e sobrenatural!
– Aquela é a árvore? – perguntou o rapaz que o acompanhava, apontando com o dedo para a árvore gigantesca que marcava o centro de uma clareira. Suas folhas pareciam pequenos flocos de neve suspensos nos galhos retorcidos e os frutos alaranjados, lembravam pequenas carambolas rechonchudas.
quinta-feira, 25 de agosto de 2011 2 comentários

CAPÍTULO I


A HERANÇA

Dias atuais...


Já passava das duas quando Adam resolveu ir dormir. A noite não havia começado bem e, após doze tentativas fracassadas de completar o ritual, resolveu desistir. Doze era um número importante para os aptos. Doze privilégios, doze classes, doze círculos e doze elementos. O doze estava em tudo no mundo mágico, só não estava no último rito que tentara, e se não conseguira até agora isso só poderia ser um sinal: transmudar vidas ia contra as leis da natureza e o preço a ser pago era alto demais.
Do lado de fora de sua janela à chuva continuava a cair e o brilho dos relâmpagos iluminava suas últimas oferendas – sangue, suor e lágrimas – e o Livro Vermelho, aberto na última página e marcado com uma fita vermelha. O título estampava o motivo de seu fracasso: XCIX Canção do Livro Vermelho, o último ritual que todo alquimista jamais conseguira realizar. O ritual do Elixir da Vida Eterna.
quarta-feira, 24 de agosto de 2011 0 comentários

CAPÍTULO II


O ACORDO


O necromante caminhava rapidamente, tentando não ouvir o primo que resmungava logo atrás. Estava sufocando dentro da roupa escura e espessa que costumava usar, mas estava decidido a chegar logo a seu destino e encontrar o usurpador de sua herança. Passara os últimos dois anos, depois de deixar o Círculo Negro, planejando isso e apesar de alguns percalços, a jornada seguia sem contratempos.
Atravessaram uma pequena vila de agricultores rodeada por grandes propriedades rurais. O lugar parecia tranquilo e a maioria dos habitantes encaravam os viajantes sem constrangimento. Ao sul do vilarejo, adornando o alto da colina, ficava uma velha igreja de pedras brancas e, atrás dela, podia se ver silhuetas de lápides e cruzes, indicando um cemitério. Alguns fiéis transitavam por entre os mortos, carregando flores e velas, enquanto outros limpavam as lapides e faziam orações, acompanhados por um pároco.
terça-feira, 23 de agosto de 2011 1 comentários

CAPÍTULO III


A Surpresa


“A magia esta em mim, como também esta em você” – explicava a avó ao lhe mostrar um pequeno ritual de transmutação, em que um pequeno botão de cobre se convertia em bronze por meio do círculo vermelho – “Todo alquimista é capaz de executar as canções do Livro Vermelho se tiver a oferenda correta. Nesse caso, como é um ritual simples, uma simples moeda foi perdida, mas quanto maior o ritual, maior deve ser a oferenda. Lembre-se disso ao executar rituais complexos.” – e abria uma nova página no velho livro de capa vermelha e lhe mandava tentar o próximo – O vidro é mais exigente que o metal, então use algo mais apropriado. – e assim foi durante toda sua infância. Sempre que ia visitar a avó, ela arrumava um jeito de despistar seu pai para lhe ensinar a magia. Uma vez o enviou para recolher ervas, alegando que não estava muito bem e não gostava de remédios farmacológicos, em outra, alegou que os vizinhos estavam mexendo em sua certa, nos fundos do sítio e pediu que ele verificasse, e assim tinham muito tempo a sós para praticar.
segunda-feira, 22 de agosto de 2011 0 comentários

CAPÍTULO IV


A Proposta


Wesley abriu os olhos sonolentos. Estava deitado em uma grande cama de madeira de cedro e coberto por um longo cobertor de pelo de carneiro. O quarto onde repousava era grande e confortável, com duas grandes venezianas de mogno para refrescar e iluminar o ambiente. A mobília, da mesma madeira, parecia constar do século passado, assim como os detalhes nas portas e janelas e o teto, feito de forro de pino pintado de branco, combinava com as paredes de madeira pintadas da mesma cor. Ao lado da cama ficava um grande armário de roupas e ao lado deste, a porta que dava para o banheiro. Do outro lado da porta ficava uma penteadeira e um criado mudo adornado com um jarro de flor e aos pés da cama, sentado numa cadeira estofada, seu primo Thomas o encarava com um olhar carrancudo e preocupado.
domingo, 21 de agosto de 2011 0 comentários

CAPÍTULO V


A DECISÃO


Adam desceu as escadas preocupado. Havia marcado um passeio com Rebecca no parque, mas estava novamente sem dinheiro. Apesar de sua mãe receber pensão pela morte do marido e ter voltado a trabalhar, os gastos com a faculdade e com os livros sempre minavam suas economias. Desde que terminara o primeiro ano pensara em tentar um estágio em alguma veterinária ou fazenda da região, mas a mãe insistia que ele devia se concentrar nos estudos, que o resto ela daria conta.
Examinou novamente a carteira. Estava com míseros sete reais, amarrotados em meio a rascunhos, anotações e conta por pagar e ainda precisaria abastecer o carro que emprestara da mãe para levar Rebecca ao parque. A moça tinha oferecido seu Corolla para a ocasião, mas Adam recusara. Não queria ficar dependendo da garota para tudo e queria mostrar que era autossuficiente. Como último recurso, só restava pedir um empréstimo à mãe. Tentava evitar isso a todo custo já que vivia a lhe pedir trocados para se reunir com os colegas nos bares em frente à facul, e a mãe, apesar de não lhe negar, insistia que o filho deveria controlar os gastos.
sábado, 20 de agosto de 2011 0 comentários

CAPÍTULO VI


A BATALHA


O dia amanheceu quente. Wesley levantou e foi ao banheiro tomar um banho e escovar os dentes, enquanto planejava o dia com Mariah. Ainda não tivera uma oportunidade com a moça e o tempo estava a correr. Saiu do banheiro, vestiu um calção e se dirigiu à cozinha para o desjejum. Mariah já estava lá, a comer e tomar café.
– Bom dia Wesley! Levantou cedo hoje. – A moça se levantou e o saudou com um beijinho no rosto.
– É, levantei. Quero aproveitar o dia já que passei os últimos dormindo. – sentou-se e comeu um pedaço de pão com manteiga – O Thomas ainda não levantou? Na estrada ele sempre levantava antes de mim.
– Acredito que sim. Ele sempre levanta cedo. Já deve estar nos estábulos cuidando dos cavalos.
Wesley franziu o cenho. Apesar de nunca ter visto o primo maltratando animais desnecessariamente, também nunca o vira cuidando de um. – Terá o campo amolecido o coração do necromante, pensou.
sexta-feira, 19 de agosto de 2011 0 comentários

CAPÍTULO VII



A PROMESSA


O avião decolou e incidiu sobre o ladino9 o desejo de voltar atrás. Não gostava da ideia de invadir a GD e não tinha certeza de que os riscos que correria valeriam a pena, mas não podia deixar passar essa oportunidade. Estava bem acomodado na poltrona executiva, ao lado de um garoto gordo e espinhento que, volta e meia, lançava-lhe um olhar inquisidor, espiando por cima dos óculos de fundo de garrafa. Tinha tentado ignorá-lo desde o momento em que encontrou e sentou em seu lugar, mas o garoto ficava mais ousado a medida que o tempo passava e parecia incomodado com a presença do ladino ao seu lado. De todas as malditas poltronas disponíveis nesse avião, tinha que cair logo ao lado desse bolo-fofo espinhento, pensou enquanto mudava de posição e virava as costas para o rapaz. A aeromoça passou e ofereceu uma bebida, mas Justin recusou. Queria estar lúcido para revisar o plano e sempre perdia as estribeiras quando bebia, então aceitou apenas uma água com gás e um pacotinho de amendoim.
quinta-feira, 18 de agosto de 2011 0 comentários

CAPÍTULO VIII


O ENCONTRO


Uma moça sorriu e acenou para Adam no primeiro dia de aula na faculdade depois do luto pela morte da avó. A notícia se espalhara rapidamente e, depois do enterro, sempre aparecia alguém para lhe apresentar as condolências e desejar força. Sua mãe lhe pedira para ficar mais uns dias em casa, para por as idéias em ordem, mas Adam não quis. Precisava conversar a sós com Rebecca e quando a moça ia a sua casa, a mãe sempre ficava por perto dando atenção à garota e trazendo lanches e bebidas.
Entrou atrasado na sala e o professor parou a explicação para cumprimentá-lo enquanto seus colegas lhe preparavam uma carteira e pediam para que sentasse com eles.
– E ai cara? – perguntou Willian assim que Adam sentou-se ao seu lado – Como vai a força?
– Estou bem. Acho – respondeu guardando a mochila embaixo da carteira.
– Já descobriram os assassinos? – perguntou Ana, uma morena de olhos claros que escrevia para o jornal da universidade.
– Ainda não, mas os policiais estão otimistas, parece que já têm um suspeito e devem divulgar alguma coisa em breve.
quarta-feira, 17 de agosto de 2011 0 comentários

CAPÍTULO IX


A revelação


A chuva ainda caía quando um caipira, vestido com cores fortes, deixou um prato fumegante sobre uma pequena mesa ao lado de Justin e saiu. O ladino estivera desmaiado por apenas algumas horas, mas parecera uma eternidade o tempo que permanecera trancado ali. Ainda se lembrava do temporal que caíra sobre sua cabeça, da imagem de seu pai lhe cobrando sua promessa e da dor. Perdera totalmente seus objetivos ao ter seu cérebro lacerado por aquela dor e agora tudo o que restava era torcer para que seus esforços não fossem em vão.
Desceu da rústica cama de madeira que adornava seu aposento e pegou o prato de comida que lhe deixaram. Apesar de sua cabeça ainda doer, não comera nada desde a noite anterior e seu estômago protestava de fome. Seu quarto de prisão não se parecia exatamente com uma cela. Era relativamente confortável e não havia grades, apenas uma grossa porta de madeira de carvalho e um espaço da parede, sem reboco, no lugar onde deveria haver uma janela
 
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