PRÓLOGO
Dezoito anos atrás...
Era alta madrugada quando chegaram. O vento estava calmo e a noite serena
como as águas de um lago profundo, mas o velho sabia que a tranquilidade era
apenas aparente e que todo cuidado seria pouco ao adentrarem naquele lugar
desabitado há tanto tempo. Ouvira histórias, é claro, de outros aventureiros
que alegavam terem invadido o jardim e escapado ilesos da fúria do guardião,
mas percebia agora que não passavam de fábulas inventadas por charlatões. O
jardim era muito diferente de tudo que ouvira falar. Era mágico, exuberante e
sobrenatural!
– Aquela é a árvore? – perguntou o rapaz que o acompanhava, apontando com
o dedo para a árvore gigantesca que marcava o centro de uma clareira. Suas
folhas pareciam pequenos flocos de neve suspensos nos galhos retorcidos e os
frutos alaranjados, lembravam pequenas carambolas rechonchudas.