segunda-feira, 22 de agosto de 2011

CAPÍTULO IV


A Proposta


Wesley abriu os olhos sonolentos. Estava deitado em uma grande cama de madeira de cedro e coberto por um longo cobertor de pelo de carneiro. O quarto onde repousava era grande e confortável, com duas grandes venezianas de mogno para refrescar e iluminar o ambiente. A mobília, da mesma madeira, parecia constar do século passado, assim como os detalhes nas portas e janelas e o teto, feito de forro de pino pintado de branco, combinava com as paredes de madeira pintadas da mesma cor. Ao lado da cama ficava um grande armário de roupas e ao lado deste, a porta que dava para o banheiro. Do outro lado da porta ficava uma penteadeira e um criado mudo adornado com um jarro de flor e aos pés da cama, sentado numa cadeira estofada, seu primo Thomas o encarava com um olhar carrancudo e preocupado.

– Até que enfim acordou! Achei que tinha entrado em coma. 
– Onde estou? – foi à resposta de Wesley sentando na cama e olhando ao redor, estranhando o ambiente. Um vento gelado entrou pelas venezianas e arrepiou os pelos do ranger que estava com o peito nu.
– Na casa da garota da estrada – disse Thomas sem emoção – Estamos a quase dois dias esperando que acorde. Já pensava em te abandonar aqui e seguir sozinho.
– Caramba! Dormi tanto assim? Acho que foi a combinação do cansaço da viagem, mas o esforço do rito do tempo. Estou com uma fome terrível. Será que podemos comer alguma coisa?
Antes que Thomas pudesse responder a porta do quarto se abriu e Mariah entrou sem se anunciar. Estava usando um minúsculo vestido prateado e os cabelos estavam amarrados num rabo de cavalo. Thomas tentou disfarçar a comoção, mas Wesley encarou as pernas nuas e bem torneadas da garota, devorando-a com o olhar.
– Que bom que acordou Wesley, eu e seu primo estávamos ficando preocupados. Você dormiu por quase dois dias – Mariah sorriu e fechou a porta atrás de si, sentando-se na beira da cama e cruzando as pernas.
– Eu não estava preocupado. Estava irritado pela perda de tempo desnecessária – Thomas justificou-se olhando para o primo – E agora que acordou, levante e se vista que temos trabalho a fazer e quanto antes sairmos desse lugar melhor.
– Como assim trabalho? Temos que trabalhar para pagar pela hospedagem?
– Vamos deixar essa conversar para mais tarde, por hora vamos comer alguma coisa. Você deve estar com fome depois de todo esse tempo desacordado – disse a moça adivinhando seus pensamentos.
– É verdade. Estou tão faminto que poderia comer um boi inteiro. Não comi nada desde a sopa de sapos do Thomas.
Mariah riu e o necromante lançou lhe um olhar azedo, mas logo se dirigiu a saída deixando os dois sozinhos no quarto. Wesley aproveitou para pegar as mãos da donzela e acariciá-las docemente.
– Sabe que estava sonhando com você esse tempo que fiquei adormecido. Sonhava que estávamos sozinhos num grande jardim a colher flores e lhe ofereci um buquê de rosas vermelhas enquanto lhe pedia em compromisso.
Mariah corou e recolheu as mãos, juntando-as entre as pernas. Wesley não se deu por vencido e acariciou seus longos cabelos prateados.
– Sabe Mariah, já vivi muitas aventuras em minha vida, mas nunca encontrei uma garota como você. Sinto que...
Thomas abriu a porta de supetão e encarou os dois com uma expressão fria no olhar.
– Vocês vêm ou não para a cozinha?
Mariah levantou seguida por Wesley que estava apenas de cueca. O rapaz vestiu um calção que estava dobrado em cima do criado-mudo e seguiu os demais em direção à cozinha. A casa era grande, com longos corredores e muitas portas, indicando vários aposentos e Wesley se perguntou se não perderia, caso tivesse que caminhar sozinho por aquele casarão.
Atravessaram um salão com poltronas revestidas de couro e várias estantes com livros e entraram em mais um corredor que dava para a cozinha. Mariah entrou primeiro, seguida por Thomas e Wesley, que seguia apenas de calção. A cozinha tinha um ar rústico e campal, com um grande fogão de lenha ao lado da porta de saída e uma mesa redonda de cedro no centro cercada por várias cadeiras e bancos de madeira feitos artesanalmente. Apesar de ainda ser cedo, diversas panelas de barro ardiam no fogo e cheiro de comida caseira impregnou o ambiente quando o grupo fechou a porta e se instalou no lugar. Wesley não se fez de rogado, pegou um prato de porcelana de sobre a mesa e foi de panela em panela escolhendo com uma colher de metal, aquilo que lhe interessava na grande variedade gastronômica. Thomas abria a boca para protestar dos modos do primo quando a bela madrasta de Mariah abriu a porta e adentrou no recinto.
– Bom dia rapazes. Vejo que acordaram com fome hoje.
Wesley quase derrubou o talher dentro da panela de feijão ao ser surpreendido pela mulher, mas se recompôs e cumprimentou a senhora do recinto com um sorriso amarelo.
– Bom dia senhora. Desculpe estar invadindo sua cozinha.
– Tudo bem Wesley. Pode ficar à vontade. A casa é sua – e sorriu para ele – e não precisa me chamar de senhora, afinal não sou tão velha assim. Pode me chamar de Dalila.
Wesley estava extasiado, a madrasta de Mariah era quase tão bonita quanto ela; morena de longos cabelos negros, olhos brilhantes e muito alta, quase da altura de Thomas. Caminhava com desenvoltura, usando um longo vestido negro, de babado e renda e sandálias de salto alto. Seu rosto fino combinava com seu corpo esquio, e sua pele pálida e lisa, sem rugas, pareciam não pertencer a uma senhora de quase 40 anos. Entretanto, apesar de toda beleza exterior, Wesley sentiu algo maligno emanando dela, como se uma aura negra rodeasse e dominasse o ambiente em sua presença. Mesmo assim ele sorriu e concordou.
– Tudo bem então. Muito obrigado.
– Não há de quê querido. Bem vou deixá-los à vontade. No jantar conversamos novamente. – fez menção de sair, mas retornou e virou-se para a afilhada – Mariah por que você não aproveita o belo sol que está lá fora e mostra a propriedade para nossos convidados? Aposto que eles gostariam de um pouco do ar puro do campo.
– Como quiser madrasta. – Mariah respondeu abaixando os olhos e se encolhendo. A mulher sorriu mais uma vez e saiu, fechando a porta atrás de si.
Um clima tenso tomou conta do lugar e todos ficaram sem saber o que dizer. Wesley tentava entender a relação entre Mariah e sua madrasta enquanto a moça olhava para os pés como se tivesse vergonha de encarar os amigos. A situação durou menos de um minuto, mas congelou a atmosfera e constrangeu os presentes. Wesley se moveu na expectativa de abraçar Mariah, mas Thomas quebrou o silêncio, movendo em direção as panelas e proferindo a sentença.
– Bem, vamos comer enquanto está quente.
Todos se serviram em silêncio. Thomas comeu apenas arroz e molho de carne com salada, enquanto Wesley e Mariah comeram com vontade. O almoço foi rápido e Thomas foi o primeiro a se levantar, seguido de Wesley e Mariah. A moça convidou os demais para o passei no campo como havia sugerido sua madrasta, mas Wesley precisou atender ao chamado da natureza e correu para o banheiro mais próximo sugerindo que os demais fossem na frente. Thomas foi o primeiro a sair apressadamente do lugar, seguido por Mariah que tentava acompanhá-lo da melhor maneira possível. A moça tentou ser simpática e puxar assunto, mas o necromante se limitava a respostas monossílabas e vazias. Estava estressado com a demora na resolução do caso e a visão da madrasta de Mariah serviu apenas para piorar a situação. Desde que chegara a propriedade não conseguia ignorar a presença perniciosa da mulher e sua intuição vivia a lhe alertar sobre possíveis problemas no trato com a senhora. Mariah, por sua vez, se mostrara avarenta a respeito de informações sobre a demanda, sempre alegando que deviam esperar Wesley acordar para discutir a situação.
Caminharam em ritmo acelerado em direção aos estábulos. Mariah cumprimentou um ou outro empregado enquanto seguia o necromante que prosseguia na frente e parecia disposto a completar rapidamente a caminhada. A distância não era muito longa e logo chegaram à entrada do recinto. O Estábulo era um grande cercado de madeira circundado por cocheiras e piquetes, e ao fundo, um grande e abarrotado armazém completava a paisagem. Cavalos e peões se misturavam em meio a montes de feno e alfafa e um cheiro forte de esterco fez o necromante torcer o nariz assim que adentrou o local.
Um funcionário encarregado do lugar fez um aceno para a moça indicando os animais reservados ao passeio e guiou-os para os fundos do recinto para buscar as selas e arreios necessários para a cavalgada.  Thomas e Mariah escolhiam e preparavam suas montarias quando Wesley entrou correndo no local, ainda arrumando as calças e com o rosto vermelho de exaustão.
– Ufa! Ainda bem que cheguei a tempo. Não queria montar sozinho.
Thomas lançou para Mariah um olhar indagativo, estranhando a velocidade com que o primo resolvera seu pequeno problema, mas Mariah preferiu não comentar e convidou Wesley a montar o Quarto de Milha que atrelara para si.
– Monte esse aqui então. Ele é dócil e inteligente, vai gostar de você.
E ajudou Wesley a montar. O animal se mexeu levemente ao sentir o peso sobre suas ancas, mas aquietou-se assim que Mariah lhe alisou o pescoço.
– Bom garoto! – disse para o animal e se virou para Thomas – Bem vamos então enquanto o sol não está muito quente, depois do meio-dia vai ficar complicado cavalgar – montou no animal selado que o encarregado lhe trouxe e tomou a dianteira da trupe desaparecendo a galope. Os demais a seguiram com alguma dificuldade apesar do necromante cavalgar com elegância.
Mariah seguia na frente montada em sua égua baia e indicando o caminho. O necromante havia escolhido um corcel negro e lustroso e seguia logo atrás enquanto Wesley que ficara com o quarto de milha seguia por último tentando se equilibrar na sela.
Atravessaram uma ponte e o barulho da água fez Wesley se lembrar do banho no riacho quando ainda estavam na estrada, e de Mariah entrando na água de lingerie branca. Que calcinha ela deve estar usando hoje?, pensou o ranger fitando a correnteza logo abaixo. Ao levantar o olhar percebeu que Mariah lançava lhe um olhar atrevido como se adivinhasse seus pensamentos e por um momento Wesley pensou em perguntar, mas logo caiu em si, considerando a estranheza da situação e seguiu em frente.
Pararam embaixo de uma mangueira e a moça arriou do cavalo e convidou os amigos a acompanhá-la. Os rapazes desmontaram e soltaram os animais no campo para pastarem enquanto Mariah estendia uma colcha xadrez e preparava o piquenique.
– Vamos comer aqui? – perguntou Wesley se jogando no chão e tirando a mochila.
– Vamos! – Respondeu Mariah – Estamos bem longe da sede e acho que poderemos conversar com alguma tranquilidade.
Thomas que até aquele momento só observava, aninhou-se perto do tronco da mangueira e estirou as pernas, esticando os músculos e encarando Mariah, ansioso por seu discurso.
– Bem, vamos começar então – disse a moça se ajeitando no assento improvisado – A questão é a seguinte: acredito que meu pai foi enfeitiçado por minha madrasta e que, desde então, vem seguindo ordens dela em todos os assuntos da fazenda. Acredito que ela planeja matá-lo e tomar posse de tudo que é nosso assim que surgir a oportunidade e infelizmente não tenho condições de libertá-lo. Queria que vocês me ajudassem. – E abaixou o olhar como que deprimida. – A única coisa que posso fazer para agradecer é pagá-los pelo serviço. Tenho uns dois mil reais guardados embaixo da minha cama e me disporia deles com prazer se aceitassem minha proposta.
– É claro que aceitamos. – disse Wesley comovido – Vamos ajudá-la com certeza. Eu não gostei de sua madrasta desde o momento que a vi. Sempre me pareceu que ela escondia alguma coisa – E fechou o punho esmurrando o tronco da mangueira.
– Acho que devemos conhecer toda a história antes – disse Thomas precavido – Precisamos que nos dê toda a informação que dispor sobre sua madrasta, para não tenhamos surpresas no momento em que a confrontarmos.
– Tudo bem! – disse Mariah descendo a cesta de alimentos e servindo os colegas – Vou contar minha história enquanto comemos.

Nasci e cresci nessa propriedade, em meio aos peões e colonos. Mamãe, quando estava boa, costumava me levar para o bosque e me mostrar às maravilhas da natureza. Caçávamos besouros e procurávamos rainhas em formigueiros, enquanto meu pai comandava os colonos e distribuía serviços aos encarregados. Tínhamos uma vida feliz, apesar da saúde frágil de mamãe que a obrigava a passar boa parte do tempo hospitalizada. Essa fase durou até uns dois anos atrás, quando um circo chegou à cidade. Meu pai possui um terreno perto da praça e, a pedido do prefeito, acabou por cedê-lo para as instalações do espetáculo. Em troca de sua generosidade, ganhamos ingressos para assistir ao show e tivemos licença para conhecer os artistas no camarim. Eu estava animadíssima. Adorava ao circo e sempre que um passava pela cidade insistia com meus pais para assistir as apresentações.
Na data marcada fomos ao espetáculo e conferimos a qualidade dos artistas. O circo era fantástico. Malabaristas, dançarinos, globo da morte, trapezistas e palhaços, mas um fato em particular me chamou a atenção; ao invés de um mágico como é de costume, o circo possuía uma maga, uma bela maga vestida de negro. Ela fez alguns truques e mágicas simples e depois convidou alguém da plateia para participar do próximo número. Meu pai foi o escolhido. Ela o deitou numa prancha e depois de citar uma canção, o palco escureceu e ele começou a levitar, como que suspenso por cordas invisíveis. Todos aplaudiram e a mulher agradeceu fazendo uma reverência. Porém quando meu pai retornou, percebi que algo de estranho havia acontecido com ele. Seu olhar estava meio perdido, como que hipnotizado, minha mãe também percebeu e perguntou se estava tudo bem, mas como ele confirmou e logo voltou ao normal, deixamos de pensar nisso.
Após o espetáculo fomos convidados pelo dono do circo para conhecermos os artistas nos camarins e novamente, ao ver a maga negra, meu pai ficou estranho, como que hipnotizado.  A mulher, no entanto, tratou cordialmente a todos e ao ver minha mãe, sorriu de uma forma misteriosa. Mamãe retribuiu o sorriso e por um momento, ficou um clima de tensão no ar, mas logo ela desviou o olhar e foi cumprimentar os outros membros da equipe. Papai, no entanto, continuava a conversar com a mulher, o que me deixou intrigada e, após alguns minutos, anunciou que convidara a maga negra e todos os demais integrantes do circo a passar um final de semana na fazenda. Aquilo me surpreendeu, mas pareceu surpreender ainda mais minha mãe. A maga negra sorriu levantando os sobrolhos como que surpresa enquanto os outros membros aplaudiam e agradeciam papai pelo convite.
Foram dias divertidos junto aos artistas. Dancei, cantei, saltei e brinquei com os palhaços. Papai fez festa todos os dias e banquetes todas as noites, os artistas cantavam, faziam malabarismos e piruetas, e contavam histórias junto à fogueira. Na segunda-feira agradeceram meu pai pela hospitalidade e arrumaram as coisas para partir. A maga, no entanto, anunciou que ficaria conosco mais um tempo, para auxiliar mamãe no tratamento. Aquilo me surpreendeu. Não sabia que a mulher possuía dons de cura e por um momento fiquei feliz, pois achava que sob os cuidados de uma maga, mamãe logo ficaria boa. Os outros artistas estranharam a decisão, mas ela explicou que papai lhe pagaria um bom salário e que mamãe precisava de seus cuidados e ela não lhos poderia negar.
Nas primeiras semanas sob os cuidados da mulher mamãe pareceu melhorar, mas nos últimos meses arruinou rapidamente, vindo a falecer em seguida. Aquilo foi um golpe para mim. Adorava minha mãe e não conseguia imaginar o mundo sem ela. O pior foi que papai pareceu não se importar muito, apenas esperou passar o luto e anunciou o noivado com a bruxa, insistindo que era preciso eleger outra senhora para cuidar da casa. Em poucas semanas estavam casados e minha vida transformada em um inferno.

Quando terminou o relato seus olhos estavam embriagados e avermelhados, suas mãos tremiam e fazia um esforço terrível para não chorar.
– Vocês precisam me ajudar. Tenho certeza que foi aquela bruxa que assassinou minha mãe. Ela sempre teve uma saúde frágil, mas ainda viveria muitos anos se essa mulher não tivesse entrado em nossas vidas.
Wesley estava emocionado. Abraçou Mariah e lhe afagou os cabelos carinhosamente. A moça não segurou mais a emoção e caiu em prantos, abraçada com o ranger.
– Deixe estar querida. Vamos fazer com que ela se arrependa de ter lhe feito passar por tudo que passou, devolveremos em dobro seu sofrimento. Juro-lhe. Deixe estar – frisou no final.
Thomas que acompanhara tudo sem demonstrar emoção, levantou-se e começou a recolher as coisas e arriar os cavalos para partirem. Wesley libertou Mariah e encarou o primo aguardando a sentença.
– Uma necromante – disse Thomas enquanto montava – e da pior espécie. São bruxas como ela que difamam e envergonham nossa classe. Vamos continuar que logo vai anoitecer. Amanhã cuidaremos da madrasta.
O restante do passeio durou até o crepúsculo e percorreram quase toda a propriedade, visitaram as plantações de milho e soja, passaram pelos currais e granjas de corte, pelos bosques e pelo vilarejo dos colonos que acenavam e sorriam para a filha do patrão. Voltaram com o a lua a despontar no céu. Mariah os acompanhou aos seus aposentos e se retirou para ajudar no jantar e preparar a mesa. Thomas aproveitou o tempo sozinho para arrumar sua mochila e tomar banho, enquanto em seu quarto Wesley tirava um cochilo para descansar.
Algumas horas depois Mariah veio chamá-los para o jantar. A moça estava usando um vestido branco e tinha os cabelos amarrados com uma fita prateada. Levou-os pelos corredores até a grande sala de jantar, onde a madrasta e o pai da moça já estavam sentados. Ele cumprimentou os rapazes e lhes indicou seus lugares à mesa, depois olhou para a esposa que confirmou com um sorriso. Era de meia idade, aparentando mais de quarenta anos, e apesar do sorriso no rosto, demonstrava certa insegurança ao tomar decisões. Thomas ficou a frente de Mariah e Wesley ao lado dela, que por sua vez, ficou ao lado da madrasta que ficara ao lado do marido. As demais cadeiras ficaram vazias.
O jantar foi servido pelos empregados que se esforçavam para servir e agradar a todos. Uns vinham e voltavam trazendo enormes bandejas de carnes e massas enquanto outros se encarregavam de manter as taças sempre cheias.
Comeram e beberam tranquilamente enquanto o Sr. Abraão, pai de Mariah, tentava manter uma conversa agradável lhes perguntando sobre suas famílias e formação escolar, sempre orgulhoso ao citar que a filha estava indo muito bem na faculdade e logo seria uma cirurgiã de sucesso.
Wesley sorriu surpreso.
Não sabia que Mariah fazia medicina e quis se aprofundar no assunto, mas a moça logo mudou de assunto, comentando sobre a situação dos colonos que moravam na propriedade.
O restante do jantar transcorreu sem contratempos. Thomas falara pouco e fora o primeiro a pedir licença para se retirar, levantando-se da mesa. Wesley, que terminava o segundo prato, estranhou os modos do primo, mas decidiu acompanha-lo e ir se deitar também.
– Tranque a porta – disse Thomas para o primo se despedindo no fim do corredor – e durma com um olho aberto.
Wesley assentiu com a cabeça e entrou em seu quarto, trancando a porta em seguida. O Necromante seguiu mais a frente e se trancou também, com a mente voltada para os acontecimentos que veriam a seguir.
Amanhã será o grande dia, pensou, e se deitou, adormecendo em seguida.


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